Por que focas, baleias e outros mamíferos
marinhos não sofrem com doenças descompressivas?
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Foca-de-weddell (Leptonychotes weddellii) |
Muitos animais de respiração aérea
mergulham por longos períodos a altas profundidades. Elefantes marinhos, por
exemplo, atingem até 400 metros em alguns de seus mergulhos mais profundos,
suportando pressões de mais de 40 atmosferas. Há registros de cachalotes
mergulhando até aproximadamente 2000 metros por mais de uma hora. Para
solucionar o problema de falta de oxigênio durante longos e profundos mergulhos
esse animais utilizam reservas corporais de oxigênio nos pulmões, no sangue e
nos tecidos. Outro reflexo fisiológico desses animais faz com que o oxigênio
seja levado preferencialmente ao cérebro e ao coração para garantir os processos
vitais do animal. Além disso, os níveis de hemoglobina e mioglobina são geralmente
muito elevados quando comparados a animais não mergulhadores.
Talvez o mais interessante seja
como nestes mergulhos tão longos e profundos esses animais não sofrem com
doenças descompressivas. Se ao mergulhar, mesmo que em apnéia, esses animais
mantivessem seus pulmões cheios, os gases se difundiriam dos alvéolos para o
sangue com o aumento da pressão. No final do mergulho, com uma subida rápida, o
nitrogênio dissolvido no sangue formaria bolhas causando, a tão conhecida pelos
mergulhadores autônomos, doença descompressiva. Sendo assim, alguns animais
como a foca-de-wedell (Leptonychotes weddellii), exalam antes de iniciar o seu mergulho,
assim diminuem a quantidade de nitrogênio que se difundirá no sangue. Se esses
animais exalam antes de mergulhar como podem agüentar tanto tempo em baixo d’água?
Bem, como dito anteriormente, boa parte das reservas de oxigênio desses animais
estão no sangue e nos tecidos, sendo estas então utilizadas durante os
mergulhos. Apenas 7% dos depósitos totais de oxigênio de uma foca-de-weddell
estão nos pulmões e mais de 50% estão no sangue.
Fontes:
Texto: Randall D, Burggren W, French K (2000)
Fisiologia Animal: mecanismos e adaptações. 4.ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 729p.
Foto: Wikimedia Commons
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