quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Mergulho Livre e Arte

Defending Vandenberg: impressionante  atuação teatral de mergulhadores livres de alta performance. 

quarta-feira, 2 de maio de 2012

Finning: a maior ameaça aos tubarões


Muitas populações de tubarões (tubarão branco, tigre, martelos, cabeça-chata e vários outros) declinaram em até 90% em algumas partes do mundo, sendo que aproximadamente 20% das espécies conhecidas globalmente já estão listadas como ameaçadas de extinção ou vulneráveis pela União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN). Nas últimas décadas, a captura de elasmobrânquios (tubarões e raias) vem aumentando gradativamente, atingindo cerca de 1.000.000 (um milhão) de toneladas ao ano. No entanto, o maior interesse na captura dos tubarões está no valor das suas nadadeiras. Através delas, o mercado oriental elabora sopas de alto valor econômico que são consumidas pelo próprio povo local, mas também para turistas curiosos em pratos “afrodisíacos”. O que muitos não sabem é como são obtidas essas barbatanas. Assim que capturados, os tubarões são trazidos a bordo e suas nadadeiras são cortadas. Após o corte, os tubarões são jogados ao mar, muitas vezes ainda com vida, e agonizam até morrer. Essa prática cruel é chamada de “finning. Só para ter idéia, o comércio mundial de barbatanas foi de 4.900 toneladas em 1987, para 13.600 toneladas em 2004 (quase o triplo). Em números, cerca de 26 a 73 milhões de tubarões são comercializados globalmente a cada ano só para retirada das barbatanas. E pior que as barbatanas representam de 1 a 5% do peso total de cada tubarão.
Em termos ecológicos (cadeia alimentar) e financeiros, os tubarões são muito mais valiosos vivos do que mortos. Como assim? Uma estimativa realizada apontou que um tubarão vivo pode render cerca de 170 mil dólares por ano para a indústria do turismo, e durante a sua vida pode render quase 1,7 milhões de dólares. Um tubarão morto rende míseros 120 dólares para o comércio das barbatanas. Em resumo, um tubarão vivo rende 750 vezes mais do que um tubarão morto!

Vídeo: O finning de tubarões e suas consequências para o ecossistema e para o ser humano


Texto: escrito por Hugo Bornatowski, mestre em zoologia pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e estudante de doutorado. Estuda atualmente ecologia de tubarões e raias no estado do Paraná.

domingo, 29 de abril de 2012

Qual o significado dos termos Plâncton, Bentos e Nécton?


Para melhor estudar a diversidade da vida aquática os biólogos criaram diversas formas de classificação. Estas divisões, que não levam em consideração a história evolutiva dos grupos, são denominadas de classificações artificiais.  Uma das mais populares divisões dos seres aquáticos é baseada na capacidade de locomoção e os organismos podem ser divididos em: planctônicos, bentônicos e nectônicos.

Os organismos planctônicos são aqueles com capacidade limitada de locomoção e que basicamente são transportados pelos movimentos prevalecentes da água. O plâncton ainda pode ser dividido em Fitoplâncton, plâncton capaz de realizar fotossíntese; e Zooplâncton, seres não fotossintetizantes. Dentre os seres planctônicos estão bactérias, diversas algas, microcrustáceos, larvas de peixes, larvas de crustáceos, águas-vivas entre outros. Os organismos do plâncton constituem os primeiros elos da cadeia alimentar marinha. De forma simplificada, o fitoplâncton utiliza a energia solar para produzir alimento e é consumido principalmente pelo zooplâncton que por sua vez é consumido por peixes que serão consumidos por outros peixes predadores até o topo da cadeia alimentar.

Representação de alguns organismos do plâncton: Alga dinoflagelada bioluminescente (a), alga diatomácea (b), alga dinoflagelada (c), água-viva (d), crustáceo copepoda (e) e larva de peixe (f).

 Os organismos bentônicos são aqueles que vivem associados ao fundo podendo ser fixos (sésseis) ou não. Em torno de 95% das espécies de animais marinhos são bentônicos dentre eles estão às estrelas-do-mar, ouriços, corais, caranguejos, esponjas, caramujos entre outros.


Gorgônia, uma colônia de animais, típico representante dos Bentos. 

Os organismos nectônicos vivem de forma independente do fundo e são capazes de deslocamentos independentes dos movimentos do oceano. A composição do nécton é diversificada, fazendo parte deste grupo organismos como as: lulas, a maior parte dos peixes, tartarugas e mamíferos marinhos.



Cardume de peixes representantes do Nécton.










quarta-feira, 18 de abril de 2012

SIDEMOUNT: Novos equipamentos e novas técnicas



O Sidemount é uma técnica que consiste basicamente em utilizar os cilindros presos a lateral do corpo ao invés de prendê-los nas costas. Ela foi desenvolvida por mergulhadores de caverna para transpor passagens estreitas onde não era possível passar com cilindros duplos nas costas. Ao se deparar com uma restrição muito estreita (impossível de transpor utilizando os cilindros nas costas e até mesmo na lateral do corpo) o mergulhador Sidemount é capaz de projetar para frente ambos os cilindros antes presos a sua lateral e recoloca-los facilmente logo em seguida. Esse avanço permitiu aos mergulhadores de cavernas chegarem a locais antes inexplorados.
Devido ao conforto, facilidade e simplicidade desse sistema, o Sidemount está se tornando popular também entre mergulhadores recreacionais de águas abertas. Esse sistema também oferece ao mergulhador uma maior liberdade de movimentos, melhor hidrodinâmica além de permitir ao mergulhador acessar todo o equipamento (incluíndo válvulas dos cilindros e primeiros estágios) com ambas as mãos. Outra grande vantagem é revelada ao realizar mergulhos com saída de praia. O mergulhador pode facilmente se equipar com os cilindros depois de entrar na água, eliminando a necessidade de caminhar com o peso de todo o equipamento nas costas.







Leia mais sobre essa técnica em:

...e assista aos vídeos!!!



Fotos: www.gosidemount.com

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Uma Maria-da-toca e seu fiel Camarão


Na natureza existem inúmeras associações entre organismos diferentes, em ecologia elas são chamadas de relações simbióticas.  O mutualismo é um tipo especial de simbiose em que ambos os indivíduos recebem benefícios da relação. Um exemplo interessante é a colaboração entre um peixe gobídeo, popularmente conhecido como Maria-da-toca, e um camarão que é praticamente cego. O camarão cego cava túneis em fundos rasos de areia ou lama. O crustáceo tem pouco com o que se preocupar enquanto está no ambiente subterrâneo, mas quando está na superfície ele se torna presa fácil para animais carnívoros. Os gobídeos também acham a vida difícil sobre o fundo de areia. Eles não apresentam problemas em avistar predadores em potencial, no entanto, achar um lugar para se esconder é outra questão. Para se adaptarem o camarão e a maria-da-toca juntam forças para benefício mútuo.

Do amanhecer ao entardecer, o pequeno camarão cava e mantém túneis que se conectam e possuem duas ou três aberturas.  O gobideo permanece de guarda em frente às aberturas, só saindo para buscar alimento e normalmente se afastando apenas alguns centímetros da toca. Quando na superfície, o camarão sempre mantém pelo menos uma antena em contato com o peixe, normalmente próximo à cauda.  Os sinais variam de um pequeno espasmo, indicando atenção, até um movimento brusco como forma de alarme. Uma vez que o alarme é transmitido, o tempo de reação para que os dois se abriguem não ultrapassa décimos de segundos. No entanto, mesmo durante o pânico existem algumas regras que são seguidas, por exemplo, o camarão sempre entra na toca por primeiro. Em seus próximos mergulhos pare e procure observar por um ou dois minutos uma Maria-da-toca e seu fiel companheiro camarão.

  
Texto adaptado de: DELOACH, N. & HUMANN, P. Reef Fish Behavior. 1st ed. Jacksonville. New World Publication, 2003.

terça-feira, 3 de abril de 2012

Como o reflexo do mergulho ajuda a prolongar o tempo de apnéia



Carolina Schrappe. Recordista Sulamericana na categoria lastro constante.  Foto: Noeli Ribeiro

Em 2009, o apneísta francês Stéphane Mifsud bateu o recorde mundial de apnéia estática ao atingir a marca de 11 minutos e 35 segundos. Em 2010, o atleta brasileiro Ricardo da Gama Bahia, respirando oxigênio puro por mais de 20 minutos antes de seu mergulho foi capaz de permanecer sem respirar por 20 minutos e 21 segundos. Ambas as realizações e muitos recordes anteriores, deixam decepcionadas muitas pessoas que tentam trancar a respiração no seco, mas que descobrem que quando dentro da água podem segurar a respiração por um período muito maior. A explicação, muitos dizem, está parcialmente enraizada em uma resposta fisiológica evolutiva que ajuda as focas, baleias, lontras e outros mamíferos aquáticos, a ficarem submersos por meia hora ou mais: o reflexo do mergulho.
Quando o rosto de um mamífero submerge em água fria e suas vias aéreas se fecham, outras mudanças desencadeadas no sistema cardiovascular ajudam o animal a utilizar ao máximo o oxigênio presente em seu sangue e nos pulmões. Primeiro, a frequencia cardíaca diminui significativamente, podendo chegar a uma redução de até 90 % em alguns mamíferos marinhos. Em humanos, a redução é relativamente pequena: Em um estudo de 1978, conduzido pelos pesquisadores Dexter F. Speck, hoje professor na Universidade do Kentucky, e David S. Bruce da Faculdade de Wheaton, ficou constatado que o reflexo do mergulho pode diminuir a frequência cardíaca das pessoas em 10 % ou mais. Ainda assim, essa mudança já é suficiente para prolongar o momento que o mergulhador se sente forçado a tomar fôlego.
Carolina Schrappe no Vertical Blue 2011

Em segundo lugar, o reflexo do mergulho faz com que capilares na pele e nos membros se contraiam, redirecionando o sangue da superfície do corpo para os órgãos vitais. Este deslocamento garante mais oxigênio para o cérebro e coração, mas num certo grau parece também fortificar o tórax contra os efeitos de esmagamento causados pela pressão da água a grandes profundidades. Além disso, ajuda também a preservar a temperatura do corpo em águas geladas. No entanto, uma consequência desvantajosa, é que a musculatura dos membros deve então contar mais com o metabolismo anaeróbico para continuar trabalhando, então é produzido mais ácido lático e o mergulhador cansa mais rapidamente do que se realizasse um exercício comparável na superfície.

Embora o reflexo do mergulho seja involuntário, em um estudo realizado em 2000, liderado pela pesquisadora Erika Schagatay da Universidade de Lund, na Suécia, descobriu-se que com a experiência os mergulhadores humanos poderiam aumentar significativamente a magnitude de algumas dessas mudanças e assim atrasar o ponto no qual eles têm que respirar. Esse treinamento, sem dúvida, contribuiu para as incríveis façanhas dos recordistas de apnéia.

Este texto foi extraído e traduzido de um artigo publicado em março de 2012 na revista Scientific American. Autoria de John Rennie.

Assista abaixo ao vídeo da apneísta Carolina Schrappe quebrando o recorde Sulamericano (74 m) na modalidade de lastro constante, a mais tradicional no mergulho livre.


Quer aprender mais sobre apnéia?
Acesse: http://www.carolschrappe.com








quarta-feira, 28 de março de 2012

Mergulho e Conservação Ambiental


Nós humanos temos um impacto imenso sobre a Terra. Existem tantos de nós, e cada indivíduo consome tanta energia e tantos recursos, que nossas atividades influenciam virtualmente tudo na natureza. Possuímos o controle direto de praticamente toda a superfície “seca” do planeta e nosso domínio sobre os oceanos aumenta a cada minuto.
Durante as últimas décadas as atividades esportivas e de lazer relacionadas com a natureza têm conquistado muitos adeptos e a popularidade de esportes como o mergulho, surf e montanhismo não deixam de aumentar. 
Poucas atividades esportivas levam seus praticantes a um contato tão direto com a natureza quanto o mergulho. A cada submersão o desportista presencia toda a ação que envolve a vida aquática. É possível observar grandes cardumes de peixes coloridos, nadar lado a lado com uma tartaruga, descobrir uma grande raia no fundo de areia, enfim,  experiências inesquecíveis. Mas qual é o impacto do mergulho na natureza? Será que os mergulhadores contribuem para o esforço de conservação ou apenas degradam mais o ambiente em prol de seu lazer?
Estrela-do-mar, Reserva do Arvoredo, Santa Catarina. Foto: Marcelo R Braga

A resposta é que tanto o mergulho quanto outras atividades esportivas podem prejudicar ou ajudar o ambiente dependendo da forma como são praticados. Pessoas mergulham onde existem peixes coloridos e recifes de coral, portanto pode parecer estranho imaginar um mergulhador prejudicando a natureza sendo que o maior atrativo de um mergulho é a própria natureza. Porém isto pode de fato acontecer. Mergulhadores desatentos podem bater suas nadadeiras contra centenas de delicados animais conhecidos como “pólipos-de-corais”, âncoras podem ser jogadas sobre bancos de coral e o próprio sedimento levantado pelos praticantes pode se acumular na superfície de corais e destruí-los. Os danos causados podem não ser intencionais, porém não deixam de ser reais. Outras práticas podem causar problemas tanto ao animal quanto ao homem, é comum, por exemplo, que as pessoas queiram tocar e manusear invertebrados e peixes mais lentos que se deixam capturar, tal atitude pode causar um acidente ao mergulhador, caso o animal possua qualquer defesa, ou mesmo lesionar o animal. Portanto a grande quantidade de mergulhadores e suas concentrações em determinadas áreas podem causar um impacto negativo e significativo ao ambiente.
É claro que tais problemas podem ser minimizados com a adoção de algumas práticas de mínimo impacto. Técnicas de controle de flutuabilidade devem ser ensinadas pelos instrutores e praticadas pelos alunos, bóias fixas para ancoragem podem ser utilizadas em localizações que possuam recifes de corais e pode-se evitar interagir com os animais.
Boas técnicas de flutuabilidade, natação e configuração de equipamentos, podem minimizar  os impactos  do mergulho  ao meio ambiente. Foto: Marcelo R. Braga

       Por outro lado o mergulho é uma fortíssima ferramenta para a educação ambiental. Bons cursos básicos incluem aulas de conservação ambiental e ambientes marinhos e boas escolas de mergulho oferecem cursos avançados como o de biologia marinha, oferecidos por profissionais da área. Além de poder educar a atividade subaquática proporcionou e proporciona o desenvolvimento de tecnologia que permite estudar e compreender de maneira mais eficaz o ambiente marinho e de água doce. O turismo gerado em torno do mergulho pode ser um fator determinante na implantação de unidades de conservação, como áreas de interesse turístico, contribuindo para preservação destas regiões. Enfim, mergulhar desperta a curiosidade das pessoas a respeito dos ambientes aquáticos, incentiva a busca de conhecimento e proporciona uma consciência da necessidade de se conservar o ambiente.
        Precisamos compreender que nós seres humanos somos os únicos organismos com o poder de destruir todas as outras formas de vida na Terra e o próprio ambiente do qual depende nossa vida. É necessária uma reavaliação do lugar do homem na natureza e de sua atitude em relação a ela. Para que o homem sobreviva, é preciso que se desenvolva uma consciência ecológica, e é aí que os esportes da natureza têm um de seus papéis mais importantes, estimulando o convívio pacífico com o ambiente. Felizmente muitos de nós começam a compreender que a natureza não é um adversário a ser vencido e como ecólogos já disseram: “O objetivo do homem no jogo com a natureza não é vencer, mas continuar jogando”.

Bons Mergulhos!
Marcelo Rennó Braga