Na natureza existem
inúmeras associações entre organismos diferentes, em ecologia elas são chamadas
de relações simbióticas. O mutualismo é
um tipo especial de simbiose em que ambos os indivíduos recebem benefícios da
relação. Um exemplo interessante é a colaboração entre um peixe gobídeo,
popularmente conhecido como Maria-da-toca, e um camarão que é praticamente
cego. O camarão cego cava túneis em fundos rasos de areia ou lama. O crustáceo
tem pouco com o que se preocupar enquanto está no ambiente subterrâneo, mas
quando está na superfície ele se torna presa fácil para animais carnívoros. Os
gobídeos também acham a vida difícil sobre o fundo de areia. Eles não
apresentam problemas em avistar predadores em potencial, no entanto, achar
um lugar para se esconder é outra questão. Para se adaptarem o camarão e a maria-da-toca
juntam forças para benefício mútuo.
Do amanhecer ao entardecer, o pequeno
camarão cava e mantém túneis que se conectam e possuem duas ou três
aberturas. O gobideo permanece de guarda
em frente às aberturas, só saindo para buscar alimento e normalmente se
afastando apenas alguns centímetros da toca. Quando na superfície, o camarão
sempre mantém pelo menos uma antena em contato com o peixe, normalmente próximo
à cauda. Os sinais variam de um pequeno
espasmo, indicando atenção, até um movimento brusco como forma de alarme. Uma
vez que o alarme é transmitido, o tempo de reação para que os dois se abriguem
não ultrapassa décimos de segundos. No entanto, mesmo durante o pânico existem
algumas regras que são seguidas, por exemplo, o camarão sempre entra na toca
por primeiro. Em seus próximos mergulhos pare e procure observar por um ou dois
minutos uma Maria-da-toca e seu fiel companheiro camarão.
Texto adaptado
de: DELOACH, N. & HUMANN, P. Reef
Fish Behavior. 1st
ed. Jacksonville. New World Publication, 2003.
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