sexta-feira, 13 de abril de 2012

Uma Maria-da-toca e seu fiel Camarão


Na natureza existem inúmeras associações entre organismos diferentes, em ecologia elas são chamadas de relações simbióticas.  O mutualismo é um tipo especial de simbiose em que ambos os indivíduos recebem benefícios da relação. Um exemplo interessante é a colaboração entre um peixe gobídeo, popularmente conhecido como Maria-da-toca, e um camarão que é praticamente cego. O camarão cego cava túneis em fundos rasos de areia ou lama. O crustáceo tem pouco com o que se preocupar enquanto está no ambiente subterrâneo, mas quando está na superfície ele se torna presa fácil para animais carnívoros. Os gobídeos também acham a vida difícil sobre o fundo de areia. Eles não apresentam problemas em avistar predadores em potencial, no entanto, achar um lugar para se esconder é outra questão. Para se adaptarem o camarão e a maria-da-toca juntam forças para benefício mútuo.

Do amanhecer ao entardecer, o pequeno camarão cava e mantém túneis que se conectam e possuem duas ou três aberturas.  O gobideo permanece de guarda em frente às aberturas, só saindo para buscar alimento e normalmente se afastando apenas alguns centímetros da toca. Quando na superfície, o camarão sempre mantém pelo menos uma antena em contato com o peixe, normalmente próximo à cauda.  Os sinais variam de um pequeno espasmo, indicando atenção, até um movimento brusco como forma de alarme. Uma vez que o alarme é transmitido, o tempo de reação para que os dois se abriguem não ultrapassa décimos de segundos. No entanto, mesmo durante o pânico existem algumas regras que são seguidas, por exemplo, o camarão sempre entra na toca por primeiro. Em seus próximos mergulhos pare e procure observar por um ou dois minutos uma Maria-da-toca e seu fiel companheiro camarão.

  
Texto adaptado de: DELOACH, N. & HUMANN, P. Reef Fish Behavior. 1st ed. Jacksonville. New World Publication, 2003.

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